Vejo que te não apetece partir.
Ontem e ante-ontem
pensei que estava acabado
senti que deixavas cair
os braços
e te rendias ao inevitável.
Estavas tão frio!
Mas hoje o teu fervor reacendeu-se
e confesso que até
durante o dia te achei demasiado quente.
Agora que o dia
se foi como é bom espreguiçar-me na varanda
de braços
ainda nus
os pés à solta nas sandálias
e deixar que o ar
ainda morno me acaricie os ombros.
A nossa hora de eleição
foi sempre a noite
sobretudo quando os outros dormem.
Sabe a um encontro clandestino
para que vamos
pé ante pé.
Vai ficando por cá o mais possível
pede
o meu corpo
que tanto gosta de se despir para ti
meu querido Verão!
Perdoa barafustar às vezes quando
me sufocas com teus abraços mais quentes!
Pensar que
dentro em pouco tenho de me recolher aos casacos
e às camisolas
e às meias e botas
- o pior de tudo!
Quem é que vai convencer as pobres gazelas das minhas
pernas nuas
habituadas ao mar e ao ar
há quase seis meses
a recolher ao curral do Inverno?
…………………………………………………………………