Telefonam-me a lembrar aquilo de que me quero
esquecer:
faço anos hoje!
Em menina acordava
para esse dia como para um milagre
não sabia porquê.
Nesse tempo o tempo não era para mim como hoje
o esvaziar inexorável da ampulheta.
Inútil pretender
que acabar é tão natural como começar
que o nascer
do Sol é tão aprazível como o seu poente.
Não, amigo
Caeiro, por mais que queira seguir os teus preceitos
sempre o anoitecer será para mim melancólico
embora
tente ah sim que seja sereno
como o fim de tarde
em Cacela
em que sempre todos os ventos se aquietam.